Plano de Fort Trincomalee, feita pelo Chevalier de Suffren em agosto 1782
Plano do forte de Trincomalee, feita pelo Chevalier de Suffren em Agosto de 1782

Trincomalee: A nova ocupação neerlandesa e a reconstrução do forte

This post is also available in: English

Escrito por Marco Ramerini. Tradução feita por João Bergmann

Atrás: A conquista neerlandesa eo abandono do forte

5.0 A NOVA OCUPAÇÃO NEERLANDESA E A RECONSTRUÇÃO DO FORTE

Durante os anos, que se seguiram, os neerlandeses aparentemente mantiveram apenas um pequeno posto-avançado na baía de Kottiyar1, mas isso não é fato comprovado. O que realmente se sabe é que em 1660 os holandeses enviaram uma expedição sob o comando de van Rhee e Wasch com o propósito de ocupar novamente Trincomalee, a fim de evitar contatos entre o rei de Kandy e os ingleses, os quais, ao que parece, tinham intenção de estabelecer um pequeno posto-avançado em Kottiyar. A reação do rei de Kandy foi oportuna, e este imediatamente enviou um numeroso exército para não permitir que os holandeses atingissem o seu propósito. Ele foi bem sucedido e os holandeses tiveram que retroceder.2

Naquela ocasião, tendo expulsado os portugueses do Ceilão, após a queda de Jaffna em 1658, os holandeses estavam novamente interessados em Trincomalee, quando ocorreu uma rebelião na corte kandyana em 1664. Quando isto aconteceu, Raja Sinha pediu ajuda aos holandeses para patrulhar a costa leste da ilha, a fim de evitar a fuga dos rebeldes, os quais ele temia que pudessem receber ajuda ou fugir por um dos portos da costa leste. Em setembro de 1665, os holandeses, tendo recebido notícias que indicavam que um navio inglês havia chegado à baía de Trincomalee e estabelecido, através de um embaixador, contatos com o rei de Kandy, decidiram que, além de patrulhar a costa leste, havia a necessidade de tomar Trincomalee outra vez. Com este propósito, foi enviada uma expedição com dois navios e cem soldados sob o comando do capitão Pierre Du Pon. As tropas reconstruíram o forte no local onde ainda havia ruínas do velho forte português.3

A nova fortaleza de Trincomalee foi equipada com 4 bastiões principais (denominados de Zeeburg, Amsterdam, Enkhuizen e Holland). Destes, Zeeburg e Amsterdam eram protegidos por uma trincheira que dividia a península em duas partes e isolava o forte do resto da cidade. Zeeburg era o maior dos dois, ficando também mais ao norte que os outros, situado na baía Back. Ao longo da mesma baía ficava a plataforma de armas denominada Cat, sendo que uma muralha ligava esta plataforma ao bastião Zeeburg, havendo uma pequena entrada no ponto central da muralha. O bastião Amsterdam era o que ficava situado mais ao sul, ficando de frente para a baía Dutch, assim como os outros dois bastiões, Enkhuizen e Holland. Estes dois eram conectados ao Amsterdam através de uma muralha. A meio caminho aproximadamente entre os bastiões Amsterdam e Enkhuizen ficava a entrada principal do forte.4

Em 1668 as fortificações de Kottiyar e Batticaloa também foram retomadas e incrementadas. Em 1670, Pieter de Graauw, então no comando de uma companhia de tropas holandesas, através de acordos de proteção e vassalagem com alguns chefes da costa leste, estendeu o controle holandês para grande parte daquela região5, mas tal domínio teve curta duração. Na verdade, poucos meses mais tarde, em agosto de 1670, devido a um ataque maciço do rei de Kandy à toda a costa leste, os holandeses foram obrigados a buscar refúgio em seus fortes de Trincomalee e Batticaloa.6 Em Trincomalee, os holandeses perderam 24 soldados e 22 lascarinos em confronto com os kandyanos.7

Continua: A tentativa francesa

Fort Fredrick, Trincomalee, Sri Lanka. Autor Bel Adone. No Copyright

Fort Fredrick, Trincomalee, Sri Lanka. Autor Bel Adone

NOTAS:

1 Nelson “The Dutch forts of Sri Lanka”, (1) pág. 117.

2 Arasaratnam “Dutch power in Ceylon, 1658-1687”, (2) págs. 18-19.

3 Herport “A Short description…”, (3) publicado em: Raven-Hart “Germans in Dutch Ceylon”, vol. I, pág. 34.

Também Baldeus escreveu sobre o capitão Peter du Pon e sua expedição a Trincomalee. Baldeus “A description of East India …”, pág. 819; Arasaratnam “Dutch power in Ceylon, 1658-1687”, pág. 33.

4 Nelson “The Dutch forts of Sri Lanka”, págs. 124-131.

5 (5) Ao sul de Batticaloa, no mesmo período, os holandeses construíram diversos postos avançados fortificados em Panama, Yala e Magama. Em Chinnecallette Delle (a aproximadamente 7 ou 8 quilômetros ao sul do rio de Batticaloa), os holandeses também construíram um entrincheiramento..

6 “History of Sri Lanka”, vol. II, pág. 215-219; Arasaratnam “Dutch power in Ceylon, 1658-1687”, págs. 42-43.

7 “Heer van Rheede: report on Ceylon, 1677”.

This post is also available in: English

About Marco Ramerini

I am passionate about history, especially the history of geographical explorations and colonialism.