Grave stone, is believed to be the burial place of 2 Portuguese people who were beheaded by Anthony Da Costa or Mamo Ndona. Photo Fransisco Soarez Pati, S.H,
Grave stone, is believed to be the burial place of 2 Portuguese people who were beheaded by Anthony Da Costa or Mamo Ndona. Photo Fransisco Soarez Pati, S.H,

Pegada Portuguesa em Paga, Ilha das Flores, Indonésia

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Escrito por: Fransisco Soarez Pati – Email: fransisco78@gmail.com
Corrigido por : Jose Luis Forneiro Perez

“Dedico este escrito a todas as pessoas da Regência de Sikka e àqueles que se interessam pela história colonial Portuguesa em todo o mundo”

Paga é um subdistrito do distrito de Sikka, Ilha das Flores, na província de Nusa Tenggara Oriental, Indonésia. Esta área ainda está incluída na região étnica Lio, que faz fronteira com o distrito de Ende, a oeste. A mitologia local conta que Paga vem da palavra “Pagão”, dada pelos portugueses que significa adorar ídolos.

Desde a antiguidade, a pegada portuguesa em Paga só é conhecida através do clã da Costa. Quer ele reconheça quer não, a história da presença colonial portuguesa no distrito de Sikka, ilha das Flores na província de East Nusa Tenggara, na Indonésia, foi dominada por histórias sobre a presença portuguesa em uma pequena cidade chamada Sikka. Em meados de fevereiro de 2014, o site português com sede em Lisboa “Jornal de Noticias” publicou um artigo com o título “Descendentes Do Rei De Sica Querem Museu Para Tesouro Português“. Não sei por que a geração moderna de hoje só imagina se é verdade ou não que a colônia portuguesa deixou sua marca em Paga.

Paga é um território colonial português na parte sul da ilha das Flores, na Indonésia. Na época do apogeu português dos séculos XV a XVII, a maior parte das áreas do arquipélago das Flores que foram influenciadas pelo colonialismo português situavam-se geralmente no lado sul da ilha. A partir da Ilha Solor, Ilha Adonara, Larantuka, Sikka, Paga e Ilha Ende, todas elas são localizadas na área costeira sul do Mar de Savu. Na época, a Ilha do Ende era conhecida como Ilha Grande para substituir Nusa Eru Mbinge como nome original da ilha.

Enquanto isso, no lado norte da ilha das Flores, os portugueses não deixaram vestígios de colonialismo, exceto os nomes Kewa (Queva) e Dondo dados pelos missionários dominicanos no século XVI. No lado norte da ilha das Flores, existia também um local que foi visitado por São Francisco Xavier. Localizado a 12 km de Maumere, acredita-se que o local foi passado de geração em geração como o local onde São Francisco Xavier parou pela primeira vez na ilha das Flores para reabastecimento, que mais tarde ficou conhecido como “Wair Noke Rua”, que significa santo primavera.

A principal razão pela qual os portugueses controlavam a costa sul da Ilha das Flores era porque controlando a costa sul da ilha das Flores podiam facilmente navegar para a ilha de Timor, que era separada apenas pelo mar de Savu, que tinha sândalo branco, produto muito caro no mercado europeu na época.

Vários escritores da história colonial portuguesa como Francisco Vieira de Figuerido, que escreveu o livro “Portugues Merchant Adventure In South East Asia 1624-1667”, Fernando Figuerido com a sua obra “Timor, A Presence Portugesa”, Isabel Boavida com a sua obra “A Presenca Portuguesa No Pasifico. A Missionação, No Preceso Colonial de Timor O E Seu Patrimonio Arqueitecnico Hoje”, ou Hans Hagerdald através da sua obra intitulada “Lord of the Sea, Lord Of the Land, Conflict And Adaptation In Early Colonial Timor, 1600-1800”, quase nunca escreveu histórias sobre a presença dos portugueses em Paga e na ilha de Ende. Um artigo de jornal publicado pela Universidade Nacional Australiana cita o relatório de Visser “Pagando no sudoeste de Kabupaten Sikka e Sikka Natar em si eram os locais de tais estações na costa sul. Embora haja uma vaga tradição entre os contemporâneos de que a sua vila Sikka Natar era o local de uma estação missionária dominicana, como relata Visser, é possível que a vila fosse, se não uma estação dominicana, pelo menos um lugar visitado, mais ou menos regularmente, por dominicanos embarcados nos navios portugueses que passavam pela costa sul das Flores”. Ainda que a história da presença portuguesa na ilha de Timor não possa ser dissociada da presença dos portugueses na ilha das Flores e arredores, mesmo o primeiro centro colonial português nas Flores, Solor e Timor foi na ilha de Solor, na província de East Nusa Tenggara, Indonésia, antes que os portugueses a mudassem para Lifau e em 1769 a mudassem novamente para Díli, que mais tarde se tornou a capital de Timor-Leste. No Paga hoje não há vestígios como o relatado por Visser, exceto um terreno baldio que a população local acreditava ser o local onde a Igreja foi fundada pelos portugueses e assim por diante, sobre o qual se tratará neste artigo.

Para além da ausência de dados do colonialismo português em Paga pelos autores supracitados, se os leitores deste artigo são parentes de sangue, casamento ou amizade ou pelo menos visitaram Paga, então em Paga podemos ver facilmente que alguns populares de Paga hoje têm características físicas diferentes da maioria dos florinianos em geral, portanto é muito provável que sejam descendentes de Portugueses o que não está escrito na história colonial Portuguesa.

A principal razão pela qual os portugueses casaram sempre com mulheres locais na terra colonial foi para criar uma nova pátria após a assinatura portuguesa do Tratado de Tordesilhas em 7 de junho de 1494, um novo acordo de divisão de terras entre os portugueses e Castela (Espanha): as novas terras em português ou las nuevas tierras em espanhol que estarían localizadas fora da Europa. Portugal recebeu a liberdade de controlar completamente todas as regiões fora da Europa ao longo da linha do meridiano da légua 370 através de Cabo Verde, África do Sul a leste, enquanto a Espanha controlava tudo a oeste de Cabo Verde em direção às Américas. Com este tratado os portugueses implementaram uma estratégia política chamada politica de assimilados ou casados através do casamento com mulheres locais ou a filha do rei para que sua presença na terra colonial fosse sentida como uma nova pátria ou recebesse o apoio da comunidade ou do rei local. Um novo fator na composição da população florinés/solores preocupou-se com os portugueses que chegaram a essas águas com a intenção de participar do lucrativo comércio de especiarias, sândalo e escravos. Alguns decidiram se estabelecer em coabitação permanente com meninas escravas casadas com famílias locais. Sob a lei portuguesa, esses colonos eram chamados de casados ​​​​ou moradores, que se tornaram a espinha dorsal do assentamento português, apoiando o comércio português e as atividades missionárias. Segundo a lei portuguesa, eram Portugueses, Cristãos de religião e tinham sobrenome português. Quando os portugueses abandonaram esta área no século XVII e os holandeses fizeram esforços para incorporá-la à sua esfera de atividade, os mestiços desempenharam o papel de intérprete entre os holandeses e a comunidade lusófona local. O Rei de Portugal através da Lei Real Portuguesa de 15 de março de 1538 concedeu uma concessão especial aos homens portugueses que se casassem e se fixassem e cultivassem uma nova pátria (terra nova) fora da Europa, concedendo privilégios aos homens portugueses que realizassem missões no estrangeiro.

Os descendentes do casamento português que usaram a estratégia “politica assimilados o casados” foram posteriormente chamados de Topass ou Mestizo, que significa português negro (português negro), enquanto os holandeses o chamam de português Zwart. A estratégia política portuguesa era muito diferente e com a estratégia política holandesa conhecida como Devide et Impera ou política divisória.

Mateo da Costa e Antony da Hornai da Costa são dois irmãos nascidos do casamento de um cidadão português com uma mulher Larantuka. Estas duas figuras formaram mais tarde um grupo denominado “Larantuqueros”, ou seja, o povo Larantuka, grupo considerado perigoso e temido pelos portugueses e holandeses. Jacob van der Hijden, o comandante das tropas holandesas de Solor e Timor que haviam conquistado o reino de Sonbai, foi morto na ponta da espada de Antony a Hornay da Costa.

Além do clã da Costa, em Paga existe também um túmulo de pedra que na língua Lio é chamado de “Musu Mase” em Paga. Os moradores acreditam há gerações que o túmulo de pedra é onde as cabeças e os corpos de dois portugueses foram enterrados após serem decapitados por Antônio da Costa, um bravo morador local de ascendência portuguesa. Esta geração de Antonio da Costa ou conhecido como Mamo Ndona mais tarde deu à luz o Sr. Daniel Woda Palle, ex-regente de Sikka (1977-1988) e ex-presidente da Assembleia Regional Popular Representativa da Província de Nusa Tenggara Oriental (1999-2004). Além do Sr. Daniel Woda Palle, genealogicamente as gerações de descendentes de Antony da Costa estão agora espalhadas em quase todas as partes da Indonésia.

Além disso, em Paga existe um canhão da herança portuguesa, bem como um lugar na praia que é como o local onde os portugueses pisaram pela primeira vez em Paga e fundaram a Igreja Católica que em termos locais chamavam de “Gereja Manu”. Atualmente, o prédio da Igreja não existe mais, restando apenas um terreno baldio no antigo prédio da igreja. A dança Bobu como dança influenciada pelos portugueses ainda hoje é mantida pelos pagãos. A descrição acima é a situação de fato de que Paga é um território colonial português esquecido.

Entretanto, de jure num documento denominado Tratado Demarcação E Troca De Alguns Possessoes Portugueses E Neerlandezas No Archipelago De Solor E Timor que significa Acordo sobre a demarcação e troca de vários proprietários portugueses e holandeses nas ilhas Solor e Timor assinado por Dom Pedro V e Mauricio Helderwier em 20 de abril de 1859, a área de Paga juntamente com Sikka, Larantuka, Wureh na ilha de Adonara, Pamong Kaju na ilha de Solor, Lomblen, Alor e Pantar foram regulamentados no artigo 7 do acordo a ser entregue pelos portugueses aos holandeses.

O texto original do acordo, que estava em português, tem a seguinte redação:

Artigo 7

Portugal cede à Neerlândia com os seguintes proprietários:

Na ilha das Flores, os estados de Larantuca, Sicca e Paga com suas dependências; na ilha de Adonara, ou estado de Wureh, na ilha do Solor, ou estado de Pamang Kaju.

Portugal renuncia a todas as pretensões que porventura possam ser válidas sobre outros estados ou logares, situados nas referidas ilhas, ou em Lomblen, Pantar e Ombay, que estes estados usem a bandeira portuguesa, quer da neer.

Em vez disso, em outras disposições do acordo, os portugueses receberam o direito de controlar todo o território de Timor Leste (atual Timor Leste), Oecuse e a Ilha de Kambing (Ilha de Atauro), conhecida como Ilha de Ataúro. A compensação total dada pelos holandeses aos portugueses foi de 200.000 florins (antiga moeda holandesa) no valor de 80.000 florins dados em 1851, quando os portugueses ficaram sem dinheiro depois de mudar seu centro de poder de Lifau para Díli em 1769. o centro colonial português pela segunda vez, após a derrota dos Portugueses na Ilha Solor com o grupo Solor Watan Lema ou cinco áreas costeiras (Negeri Lima Pantai), nomeadamente Lohayong, Lamakera, Lamahala, Terong e Labala que receberam assistência das tropas holandesas e do Sultanato de Ternate nas Molucas do Norte.

Entretanto, os restantes 120.000 florins foram entregues um mês após a assinatura do tratado de 1859 em Lisboa. No momento das negociações, o parlamento holandês se opôs porque não havia nenhum artigo que dava aos holandeses a liberdade de realizar uma missão protestante (Zendeling), mas os portugueses permaneceram em sua posição de que o catolicismo que tinha sido introduzido ao povo das Flores e arredores deveria continuar a ser a religião do povo (religiao do comunitae).

Segundo Karel Steenbrink no seu livro The Indonesian Catholics Volume I, a editora de Ledalero, Maumere (Orang-Orang Katolik Di Indonesia, Jilid I, penerbit Ledalero, Maumere), afirmou o princípio português de que “a bandeira pode ser mudada, mas a religião não deve ser alterada. O católico romano deve ser preservado como antes.” Esta é a razão pela qual a maioria das pessoas na Ilha das Flores, incluindo Paga na província de East Nusa Tenggara, na Indonésia, seguem a religião católica até agora. Na opinião do autor, embora o título do acordo seja um acordo sobre a troca e demarcação de territórios coloniais, mas no contexto do direito dos tratados internacionais, o acordo entre as duas nações coloniais é mais precisamente referido como um acordo de compra e venda do território colonial.

Como conclusão deste trabalho, refira-se que, nessa altura, Portugal era governado por um rei de nome Fernando II (1837 a 1853). Ele então nomeou José Joaquim Lopes de Lima como governador de uma colônia portuguesa separada no exterior de 3 de junho de 1851 a 15 de setembro de 1851. José Joaquim Lopes de Lima foi então nomeado governador dos portugueses em Macau a partir de 15 de setembro de 1851 encarregado de todo o território de Timor, Flores, Solor, Adonara, Alor e Atauro. O seu cargo de governador português em Macau não durou muito porque faleceu a 8 de Setembro de 1852 em Macau. Existe uma forte suspeita de que a morte de José Joaquim Lopes de Lima em 1852 esteja intimamente relacionada com a sua traição ao Rei de Portugal, que em 1851, sem o consentimento do Rei, ele se aliou aos holandeses no processo de “negociação” em questão. sobre as colónias portuguesas incluindo Paga.

Esta é a raiz histórica de Paga, Sikka, Larantuka, Ilha das Flores, Adonara, Solor, Alor, Pantar e Timor Ocidental tornando-se territórios coloniais holandeses. De acordo com o princípio uti posidetis iuris do direito internacional, essas regiões agora pertencem ao território do Estado Unitário da República da Indonésia (NKRI). Enquanto na parte oriental da ilha de Timor, Oecusse e a ilha de Ataúro tornaram-se territórios portugueses e agora essas regiões pertencem ao território da República Democrática de Timor Leste.

BIBLIOGRAFÍA:

Tratado Demarcação E Troca De Alguns Possessoes Portugueses E Neerlandezas No Archipelago De Solor E Timor, 20 de Abril de 1859

P. Sareng Orinbao, SVD, Nusa Nipa, Nama Pribumi Pulau Flores (Warisan Purba), Nusa Indah, Ende, 1969

Francisco Vieira de Figuierido, A Portugues Merchant Adventure In South East Asia 1624-1667, Verhandelingen Van Het Koninklijk Instituut Voor Taal – Land En Volkenkunde, Deel 52, C.R Boxer

Fernando Augusto de Figuerido, Timor, A Presence Portugesa (1769-1945), Universida Do Porto, Faculdade De Letras, 2004

Isabel Boavida, A Presenca Portuguesa No Pasifico. A Missionação, No Preceso Colonial de Timor O E Seu Patrimonio Arqueitecnico Hoje, Universidad de Coimbra

Hans Hagerdal, Lord of the Sea, Lord Of the Land, Conflict And Adaptation In Early Colonial Timor, 1600-1800, Verhandelingen Van Het Koninklijk Instituut Voor Taal – Land En Volkenkunde, KITLV

Paramitha A. Abdurachman, Bunga Angin Portugis di Nusantara, Jejak-Jejak Kebudayaan Portugis Di Indonesia, LIPI Press, Jakarta, 2008, Yayasan Obor, Subtitles Atakiwan, Casados, And Tupassi: Portuguese Settlement And Christian Communities In Solor And Flores (1536-1630), Indonesian Society Magazine, Year – X, No. 1, 1983

António d’Oliveira Pinto da França, Pengaruh Portugis Di Indonesia, Cetakan Pertama, PT. Penebar Swadaya, , 2000, translated by Pericles Katoppo from the original book entitled “Portuguese Influenced in Indonesia”, Calouste Gulbenkian Foundation, Lisabon, 1985

Pelayaran Dan Perdagangan Kawasan Laut Sawu, Awal Abad-18, Awal Abad-20, Didik Pradjoko & Friska Indah Kartika, Wedatama Widya Sastra, 2014.

Escrito por: Fransisco Soarez Pati – Email: fransisco78@gmail.com
Corrigido por : Jose Luis Forneiro Perez

Grave stone, is believed to be the burial place of 2 Portuguese people who were beheaded by Anthony Da Costa or Mamo Ndona. Photo Fransisco Soarez Pati, S.H,
Lápide, acredita-se que seja o local de sepultamento de 2 portugueses que foram decapitados por Anthony Da Costa ou Mamo Ndona. Photo Fransisco Soarez Pati, S.H,

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